quinta-feira, 28 de março de 2013

Páscoa


Quem decidiu ir ao shopping nesta quinta-feira santa enfrentou filas nas lojas especializadas em chocolates. A Chocolates Brasil Cacau, com sua campanha - Preço Brother, conseguiu zerar seus estoques antes da véspera de páscoa. Os consumidores que observavam de longe tinham a sensação de que o período de caça ao chocolate foi decretado.  Tenho a sensação que está época de páscoa é mesmo um período de caça aos ovos de chocolate.

Era tanta gente desejando as últimas trufas da Brasil Cacau que o jeito foi seguir adiante e perceber que não era o produto que era o melhor do mundo, e nem a campanha que era imbatível. Talvez um mau planejamento de estoque.  Para quem estava no shopping trabalho foi divertido ver outros loucos se matando em uma fila na porta da Cacau Show.  A vendedora pacientemente organizava a fila e entravam em uma média de 6 clientes na loja. Tudo para evitar tumulto e confusão na hora das compras. Na loja Americana a campanha era apelativa. Os preços no momento de abertura da loja já tinham mais de 50% do valor original, em alguns produtos. Para quem esperou para comprar o chocolate o bolso agradeceu. Tinha ovo sendo vendido a 2,99 e consumidor levando logo uma caixa do produto. É bom avisar que ovo baratinho, são aqueles feitos com chocolates de baixa qualidade.

Falando em alta qualidade... Eu não passei na porta de nenhuma grife do chocolate, mas vi muito consumidor desfilando suas sacolas douradas pelo shopping.  Já tive notícias de que nos supermercados as filas se repetem. Quem não comprou o ovo antecipadamente vai pagar mais barato, porém vai correr o risco de perder seu sabor favorito de ovo de páscoa e ainda ficará um bom tempo na fila para pagar e escolher seu chocolate. Essas datas cristãs são bons momentos para refletir sobre nossa vida capitalista.

quinta-feira, 21 de março de 2013

O que é uma boa comida?


Quando pego nas minhas panelas estou procurando muito mais do que apenas cozinhar. Estou em algum lugar tentando me conectar com as sutilezas das emoções mundanas, tentando fugir da angustia de um trânsito pesado, do pesadelo das contas que não param de chegar. Sabe caros leitores, não se pode ou deve cozinhar, assim... Cheio de ansiedade, medo, raiva...

Comida precisa de boas energias, pois quem senta na sua mesa quer alimentar a alma. Portanto, cozinha é também um pouco de arte. Não pensem que é fácil, só porque todas as avós tinham o melhor tempero do universo.  É difícil ligar a chama do fogão quando não há inspiração, quando a cozinha esta uma zorra e sua vida em pedaços. É inviável competir com lembranças, porque o prato de ontem não é o mesmo de hoje e o seu bolo de chocolate nunca será o da sua mãe. A comida da mãe, em geral, é a melhor do mundo, só não é quando da avó sempre foi.

A lembrança é também um elemento essencial para nós cozinheiros. É a bagagem cultural, familiar, escolar que irá nos permitir uma consciência povoada de representações e significados. É por isto que tem pessoas que conseguem fornecer experiências mais completas de um universo com possibilidades que podem levar o comensal para uma mesa cheia de vivência de outros povos. E viva a globalização do creme Brulée, dos cheesecakes e brigadeiros!  

Nas muitas cozinhas que conheci tive uma nítida sensação que o real e o imaginário andavam de mãos dadas. Por mais intensa e sensorial que tenha sido uma experiência com um alimento ela se transformou a cada novo reencontro... O ambiente diferente, o tempo de cocção, o estado de espírito do cozinheiro, os amigos à mesa, a família em outro momento. As fronteiras entre o bom e o ruim são tênues e até desastrosas. Nos nossos salões garanto que muitos podem gostar de uma cozinha pelo simples shop gelado e a boa companhia do dia. A percepção da boa comida não é universal. Aliás, o que é uma boa comida? 

quarta-feira, 20 de março de 2013

Chuva, sopa e bolos

Um dia chuvoso assim pede uma sopinha. Daquelas feitas por vó. Sabe aquele sabor inconfundível da sopa de fubá com frango caipira? E alguém já comeu aquela canja com aroma maravilhoso do açafrão da terra? Sim... Mas duvido que ninguém nunca tenha sentido saudades de  casa e lembrado do sabor daquela sopa de feijão, com cebola, batata e bacon. 

O dia tá assim pedindo sopa, carinho e aconchego. Destes que só conseguimos perto daqueles que amamos. Em dias de chuva e muito tensos, como hoje, lembro de um bolo de cenoura. Fofo, gordinho e com muita cobertura de chocolate.Lembro de um olhar amigo e de algumas degustações de brigadeiro. Será que você ainda gosta de brigadeiro de limão siciliano? É porque eu ainda gosto do seu bolo. 
Importante é que brigadeiro também é bom com chuva...

Voltando a sopa. Que tal tomar um caldinho de feijão ainda hoje?
É muito fácil de ser feito.
Receita:

500 gramas de feijão cozido
50 gramas de bacon
200 gramas de batatas cortadas em cubos pequenos
80 gramas de cebola cortadas em cubos
Sal, alho e pimenta do reino à gosto

Modo de preparo:

Bata o feijão no liquidificador. Refoque o bacon e em seguida acrescente a cebola. Depois que a cebola estiver dourada coloque o alho, as batatas e deixe o sabor do bacon incorporar ao legume. Acrescente o feijão e deixe cozinhar até as batatas ficarem macias. Quando servir acrescente a pimenta moída na hora e um pouco de cheiro verde picado.

terça-feira, 19 de março de 2013

Responsabilidade

Você já parou para pensar se nos restaurantes que você frequenta existe comprometimento por parte dos cozinheiros? Já pensou se eles seguem as normas de segurança que são ensinadas? Pensou se estes profissionais entendem, realmente, o que é uma contaminação cruzada? Sabem que a comida estraga por ficar fora de refrigeração? Entendem que a validade de um produto é para ser obedecida? Claro que você nunca pensou nisto. Nem eu, antes de ser cozinheira e principalmente antes de ser responsável por uma cozinha.

É complicado fazer os colaboradores compreenderem que as regras são chatas, mas são elas que garantem padrão, qualidade e segurança. Hoje, quando estou cliente de um restaurante não sei se devo ou não conhecer a cozinha dos locais, na dúvida escolho um alimento supostamente seguro, rs. Nada de carnes cruas, por favor! Então, acaba que penso duas vezes antes de decidir por um prato no cardápio.

Estou irritante em relação a alimentação, porque a contaminação pode ocorrer até mesmo na minha casa. É por isto que acredito que as cozinhas precisam de pessoas com responsabilidade e comprometimento na operação diária. Acredito que um dia o mercado dará para nós algo próximo ao ideal, porque já existem empresários que compreendem a urgência de termos processos dentro das nossas cozinhas.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Mercado de trabalho cruel

Deveria ter mais vontade de escrever. Quando passo nos corredores do Shopping Flamboyant só consigo imaginar as pautas que gostaria de fazer naquele lugar. A cada novo menino ou menina que treino na DNA Natural tento compreender o porquê das pessoas não conseguiram trabalhar. A dificuldade de algumas em aprender e de outras a preguiça e falta de vontade em realizar qualquer atividade, por mais banal que seja. 
O trabalho em cozinha é árduo. Carreguei caixas, limpei câmara fria e descasquei muita batata e alho enquanto estive aluna. E faria tudo de novo se precisasse ocupar a função de auxiliar na cozinha daquela escola. 
Dentro da escola só ganhei conhecimento e tinha certeza que no mercado de trabalho poderia não ser remunerada de forma ideal. Porém, apostei em uma nova carreira. Hoje estou engatinhando na direção de um mercado de trabalho que começa a ser mais conhecido que desconhecido. Um mercado onde tento ter segurança em meio tantas desilusões. As desilusões de profissões que trabalham com o ego é cruel. Cozinheiros são artistas, assim como os jornalistas, porém trabalham com belezas diferentes que tentam despertar sensações nas pessoas. 
Sinto uma enorme dificuldade em contratar bem. Parece que as pessoas se sentem prontas. Não querem enfrentar o mercado de trabalho e suas pedras. Não querem lavar chão, panelas e descascar batatas. Querem os aplausos e um bom salário. Nestes quase 10 anos de mercado de trabalho aprendi que reconhecimento financeiro e intelectual é uma conquista baseada em esforço e dedicação. 
No jornalismo... Passei uma carreira "descascando batatas", mas foi isto que me fez ter coragem de mudar e encontrar um novo caminho. 

segunda-feira, 4 de março de 2013

Sabores e atendimento

Sou extremamente exigente em relação ao atendimento e ao sabor dos alimentos dos estabelecimentos aos quais visito. Como consumidora desejo que tudo saia perfeito, ou pelo menos próximo do que considero um padrão de excelência para o que o local se propõe.

E neste fim de semana tive três surpresas: uma boa e duas ruins. Vamos para as experiências ruins. Na sexta-feira acompanhei uma amiga a um bar, na T-11, do Bueno, onde o principal atrativo do local é a música ao vivo.  O cardápio tem bastantes opções, tantas que até dá para se perder. E se nós consumidores nos perdermos imaginem a cozinha e os garçons ? Pois, bem as duas escolhas que fizemos: bolinho de arroz e tacos mexicanos não foram bem executados e consequentemente os amigos não gostaram de nenhuma das opções.  Já o salão estava quente, o ar não chegava até nós e o garçom que nos atendeu erra o primeiro dia do rapaz que se atrapalhou todo... Tanto que a espera por um cozumel ultrapassou os 10 minutos assim como o nosso pedido por água.
No domingo foi dia de arriscar a sorte com uma pizza destas baratas. A pizzaria fica no Setor Pedro Ludovico e apesar da pizza ser exatamente como esperava o que me surpreendeu foi o fato do produto ter me causado intoxicação alimentar. É perdi uma noite de sono. Estou falando que esta história de contaminação cruzada é seria.
O final de semana quase foi uma catástrofe gastronômica, porém a ida ao Belisque, do Chef André Barros, salvou o tour  gastronômico.  Atendimento eficiente, bebida de qualidade, lugar agradável e além de tudo isto a comida de um gostinho de quero mais. Tem horas que é melhor pagar um pouquinho mais e levar para casa a sensação de ter sido bem atendido.