domingo, 28 de outubro de 2012

Cozinha quente!

Quando voltar para minha casa será mais fácil postar sobre receitas e até alguns perfis que colhi aqui devem ser feitos. Hoje terminou meu estágio na cozinha quente. Pelo primeiro dia lá, achei que seria traumatizante, porém depois de dois dias, foi fácil começar a gostar da rotina da quente pela manhã. Não tenho o que reclamar do Rodrigo e nem do Ceará, nossos monitores na cozinha. 
Quase no final do curso, agora tenho certeza que tem muita coisa que preciso estudar. Muitos assuntos que preciso dominar. Talvez por isto, tenha investido em três livros e já estou pensando em outros títulos para a minha coleção. Estudo nunca é de mais em nenhuma área. Na cozinha existe muita contradição do que é certo e errado. Por exemplo, sempre comi frango xadrez com castanha de caju, aliás a versão que acho mais saborosa. Porém, o tradicional leva amendoim. Ingredientes simples, mudanças pequenas mas que influenciam no resultado final do prato. Para quem quer escrever e opinar sobre sabores é preciso muita atenção. 
E não é só o ingrediente que faz a diferença. Para o comensal é preciso ter também atenção no ponto certo de cocção de  uma carne. Só que o que seria este ponto certo? Paladar é discutível, nem todo mundo vai saborear o que é conhecido como correto. Alguns irão preferir mais passado, com mais sal, com menos, com mais pimenta, com recheio ou sem. É gosto! E paladar tem muito de bagagem cultural, de lembranças da infância e de sabores que influenciem a sua memória. 
Depois do tempo que passei dentro da cozinha de um Grande Hotel e convivendo com cozinheiros, sei que minhas refeições nunca mais serão as mesmas. Porém, posso ter ficado menos exigente, com aqueles que ganham a vida lidando com panelas.
Quanto a cozinha quente. Errei muito! Até mesmo o ponto de um nhoque e sei que cozinhar por intuição sem uma receita por perto é muito difícil, quando não se faz isto todos os dias. Na confeitaria consegui deixar um brigadeiro queimar. Na quente foi o Nhoque, um molho aos três queijos e outras coisinhas como um corte mal feito que resultaria em um prato com aparência desagradável. Na cozinha quente aprendi a ter medo de temperar. Apesar de ter certeza que na minha cozinha, as pimentas, óreganos, alecrins, e tantas outras especiarias sempre serão bem vindas. 
E depois destes 13 dias entrando na cozinha quente, sei que quero muito disto para a minha vida. Mesmo com algumas coisas dando errado. Estes últimos dias tem sido doloridos, algumas lágrimas, um tanto de saudade, porque vou ter que deixar este mundo encantado que é a cozinha do Grande Hotel. Estou  encantada pela paixão das pessoas pelo que fazem e a forma como elas se dedicam a ensinar aos outros como ser um bom cozinheiro. 
Aos próximos alunos que forem para a cozinha quente a dica é: Queiram aprender de verdade! Porque ninguém nega conhecimento a quem está aberto a ele. 

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Os muitos cozinheiros nas nossas vidas

Sempre pensei na cozinha como uma entrega de alma. Hoje passados quase quatro meses e meio dentro de uma convivendo com os profissionais da área, penso neste lugar como uma continuidade da vida. No alimento dá sim para refletir um pouco da personalidade de cada cozinheiro. Encontrei cozinheiros preguiçosos, alegres, amorosos,  fofoqueiro criativo, raivosos, desastrados, viajante, simpáticos, calmos, dedicados, sem noção,  e experientes.
Os preguiçosos são aqueles que deixam sua impressão em tudo, o bolo não cresce, a torrada não torra, o creme de confeiteiro nunca é um creme de confeiteiro, o roux passa do ponto e eles nunca refazem nada. No máximo o preguiçoso cria uma emenda.
Os alegres são tão felizes que as vezes os legumes saem saltitando pela cozinha, ou a massa inglesa fica meia molengona só para ver se ganha um pouquinho mais de atenção da trupe. Não pode ver um companheiro calado que vem logo puxar assunto. Seu hobby favorito é colocar apelidos criativos nos colegas. 
Ah os amorosos... São os que mais encantam as pessoas, tem sempre uma palavra amiga, um jeitinho doce de chegar. Ele sabe o paladar de cada cliente de seu restaurante. E para completar conhecem a história do prato e  ficam tentando incansavelmente extrair o melhor sabor de cada ingrediente.
Os fofoqueiros nem tem diploma para isto e conseguem ouvir as histórias de todas as cozinhas sem nem precisar sair do lugar. O fofoqueiro tem tanta necessidade de ouvir e contar que aumenta cada conto que chega em seus ouvidos. É na língua dele que mora o perigo, porque pimenta nos olhos dos outros é refresco. 
O cozinheiro raivoso sempre deixa o sal passar, ou esquece a mandioquinha no forno,a carne as vezes passa de mais. A atenção dele está sempre focada na vida alheia. Como gosta de ver os erros dos outros! O raivoso nada mais é do que um invejoso disfarçado. E coitado do comensal que comer comida dele que sempre estará mergulhada em fel. Sim, caro leitor, comida de gente sem amor é um veneno para alma. 
E o cozinheiro desastrado? Hum... tenho medo de me tornar um desses. Ele sempre tá sujo, sempre perde um ovo, a massa do Nhoque fica mole. Ainda existe o medo rondando seus passos, pois vai que  ele perder uma produção inteira por conta de um passo em falso dentro da cozinha. O desastrado tropeça, corta o dedo, se queima. Isto quando não queima ou corta o companheiro. Além disto, ainda tem os acidentes leves, mais comuns no dia a dia, como molhar o colega na hora de limpar o setor, dar uma vassourada no companheiro e milhões de esbarrões. Mas como estamos falando de um desastrado prepare o bolso, porque perder uma receita pode virar rotina. Só que comida de desastrado é sempre gostosa.
Já pensou em um cozinheiro viajante? Eles existem e vivem a custa de Red Bull, porque nunca vi um pensamento criar asas daquele tanto. Enquanto a abobrinha frita, o viajante olha catatônico para o nada e viaja... Hum... viaja na maionese, escorrega no quiabo, pisa no tomate, enfia o pé na jaca e segue a viagem.
Os simpáticos sempre dão bom dia, boa tarde e boa noite. Tem um sorriso para cada colega e entrega o buffet sempre na hora certa.  São seres tão ternos que não despertam raiva ou irá, chegam a passar  desapercebidos. O bom de ter um simpático ao lado é o tempero é na medida certa e eles rapidinho aprendem a ter um toque de elegância.
E o sem noção? Sempre atuou em outra área, nunca pegou em uma panela e depois de assistir muita Ana Maria Braga e de aspirar um lugar no programa do Super Chef, resolveu com carderninho e canetas em punho que seria cozinheiro. No lugar das panelas caderno e no lugar do fouet caneta. Ele fica com aquele olhar de quem não está entendendo nada e pedindo pelo amor de Deus me dê uma receita. E parece que ele está sempre no lugar errado e na hora errada, pronto para colocar uma pitada de sal extra na sua produção depois de finalizada. O pior que pode ocorrer dentro da cozinha é sem noção ficar entre você e a pia, quando você está com uma panela gigante e quente na mão. Até ele se tocar que ele tem que abrir caminho você  já queimou seus dez dedos. Ele olha para você pergunta: Tem receita para queimadura? O que vocês fazem quando se queimam? A sua vontade é dizer para ele que o melhor remédio é enfiar os dedos, naquele lugar que não pega sol. Mas como você é um cozinheiro educado, responde com olhar de ódio, rosna e diz um enfático NÃO!!! Sem gritar, porque na cozinha não pode.
 Só quem pode berrar é o cozinheiro sonoro. É aquele que acha que no grito as coisas saem mais rápido e mais saborosas. Mas como diz um velho amigo da gente: "se grito ajudasse, porco não morria". Se bem que existem alguns seres cozinheiros que só pegam no grito! A exemplo, do nosso querido amigo viajante, que acorda assustado com o berro.
O que todo cozinheiro almeja ser é o calmo. Aquele que nunca perde a cabeça. Tá sempre de bom humor, mantém a serenidade, enquanto o caos impera na cozinha. Pode até desafinar um pouquinho, mas está sempre cantarolando. 
Agora, o  cozinheiro que quero para a minha cozinha é o dedicado. O que chega sempre antes do horário  que sabe aplicar um plano de ataque como ninguém. Ele nunca falta ao trabalho e gosta do que faz. Para contrabalancear, sempre tem na equipe o cozinheiro Stand  Up Comedy. É leitor você já pode imaginar como ele é? Sim, isto mesmo, ele passou a noite na internet procurando o último lançamento de piadas. O cara é tão vidrado em humor que já comprou a coletânea de pegadinhas 2013. Pior que o cozinheiro conta para você até a piada que você contou a ele no dia anterior. E quando o outro cozinheiro reivindica a autoria ele jura de pé junto que foi ele que inventou a piada. 
Bom mesmo é ter cozinheiros experientes por perto. Mas eles só valem a pena enquanto continuarem com espirito jovem e dispostos a aprender. Porque se o experiente só conta que é experiente, vira um aspone, um assessor para assuntos aleatórios.Os bons cozinheiros experientes tem o dom de ensinar.
Caro leitor depois de você ler este texto sua refeição nunca mais será mesma. Ao sentar no restaurante você vai ficar imaginando um mix de cozinheiros malucos que prepararam o seu prato. E não adianta pedir: "Ei, garçom solta um prato feito pelo cozinheiro amoroso!", porque certamente terá uma pitadinha de todos eles no seu prato. Mas de uma coisa você pode estar certo: Quem é "cozinheiro", nasce cozinheiro" e todos estes perfis amam muito o que fazem.

Um texto de: Ana Carolina Guimarães e  Rose De Lena. 

domingo, 21 de outubro de 2012

Decidi me comprometer

Jornalistas não se comprometem, em sua maioria, sempre tem De acordo com, segundo fulano, alguém disse. Esta é uma das formas de tentar ser honesto, imparcial e verdadeiro com o leitor, mas no fundo, todos sabemos que dificilmente alguém é imparcial, pois sempre tem o nosso ponto de vista. Hoje, depois que uma lágrima, caiu do meu rosto, decidi me comprometer, ser parcial e tomar partido. 
As histórias sempre ficam assim um tanto sem graça quando tentamos não nos envolver e quer saber eu me envolvi. Esta é a grande questão do meu universo particular. Envolver... Aqui seriam 4 meses e meio de estudo, dedicação a cozinha e imparcialidade jornalistica. Porém, com o tempo você se pega gostando, apaixonando e quando vê já não sabe mais onde era você e quem é que esta no comando agora. 
Os amigos mais próximos sabem que sou um misto de ranzinza com TPM, carinhosa, dedicada, mole e dramática. O que mudou dentro desta equação? É que o mundo é diferente daquilo que julgava ser importante. 
O ter tem se tornado cada vez menor dentro desta matemática da vida e o ser ganhou um espaço que nunca tinha alcançado. Dentro da cozinha aprendi que essência é fundamental, mesmo que algumas delas estejam trancadas dentro de um calabouço.
Por ser observadora e estar tão entregue a este novo mundo, devo admitir que quando as pessoas mudam de sintonia eu sofro. E por este mesmo motivo deixo a melancolia me atacar quando vejo um olhar me evitando. É melhor ficar sem saber o motivo daquela lágrima e me deixar aqui com o meu quebra cabeça, que parece não ter solução. Neste momento estou covarde o suficiente para passar uma vida sem saber o motivo, por não querer incomodar o outro e por não querer tirar meu projeto original dos trilhos. É apesar de estar cozinheira, ainda sou jornalista e por isto é melhor não me comprometer, apesar de já ter me comprometido. 

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Desejos

Uma das coisas mais complicadas de estar fora de casa é ficar longe de todas aquelas comidinhas que você adora. Tem dias que acordo com desejos ardentes por coisas que só é possível encontrar em Goiás. Algumas coisas até existem em outros estados mas não é igual. Estou com muita vontade da pamonha cozida frita e da pamonha à moda goiana. Na minha cidade pamonha é quase uma instituição. Existe em toda esquina. 
Pamonha à moda goiana
A que mais gosto é de uma família que vende a pamonha na esquina da Avenida 85, com as ruas 136 e 137.  Fica quase na esquina da minha casa. É daquelas pamonhas que derretem, um creme incrível, com uma textura fina e um sabor de aconchego de casa. Outra coisa da qual tenho muitas saudades é do arroz com feijão da minha mãe. Aqui eles podem até ser gostosos, mas não tem sabor de infância e nem amor de mãe como ingredientes.
Hoje foi o primeiro dia de cozinha quente. Foi corrido e estou um pouco perdida e insegura. Estava ansiosa para poder chegar nesta etapa final do módulo e por hora não consigo definir o que estou sentido. Só sei que quero ter a sensação de ter aprendido muito e se voltar para casa que seja uma nova pessoa, com novos conhecimentos.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Truta, para quem gosta de peixe

Estava com vontade de postar a música nova que tem pequi na letra, mas como acho que será um exagero é melhor ficar por hora só com as receitas. Amanhã será meu último dia no RAF e a única coisa que posso dizer é que estou agradecida pelo o tanto que aprendi e me superei. Então, o post sobre o RAF fica para amanhã, porque agora é hora de receitas. Como estou em uma terra que tem exuberância de trutas, vou postar aqui uma receita de Paupiettes de Truta escalfadas com açafrão.

Ingredientes:
20 filés (85g a 113g) de truta, sem pele
1 colher ( chá)/ 5 gramas de sal
1/2 colher ( chá) / 1 grama de pimenta-do-reino mopida
284 gramas de mousseline de truta e açafrão 
28 gramas de manteiga
3 chalotas raladas
60 ml de vinho branco
120 ml de fumet de peixe (caldo de peixe)
480 ml de velouté de peixe
198 g de tomate concassé
2 colheres (sopa)/ 6 gramas de cebolinha verde picada 
284 gramas de espinafre.

Modo de preparo:

Tempere a truta com o sal e a pimenta-do-reino. Espalhe uniformemente uma camada de mousseline sobre os filés e enrole-os um a um para fazer paupiettes. Coloque-os em uma assadeira, com a emenda virada para baixo, até o momento de escalfar.
Passe um pouco de manteiga em uma frigideira rasa e espalhe as chalotas por igual. Coloque os paupiettes por cima, com a emenda para baixo. Adicione o vinho e o fumet.
Ferva o líquido suavemente, em calor direto. Coloque um pedaço de papel-manteiga (cartouche) untado sobre os filés, cobrindo-os. Transfira a panela para o forno aquecido entre 149° a 163° C.
Escalfe a truta por 10 a 12 minutos ou até que a carne fique opoca e ceda sob ligeira pressão.
Transfira os paupiettes para uma assadeira, cubra-as com o cartouche e mantenha-as aquecidas.
Coloque a frigideira com o cuisson sobre o calor direto e reduza-o em dois terços. Adicione o velouté e ferva suavemente por 1 a 2 minutos. Ajuste o tempero com sal e a pimenta-do-reino.
Coe o molho em uma peneira de malha fina sobre uma panela limpa ou, se desejar, em uma panela para banho maria. Termine o molho com os tomates e a cebolinha verde.
Seque os paupiettes em papel absorvente. Sirva-as imediatamente com o molho, sobre uma camada de espinafre, ou mantenha-as aquecidas para o serviço.

Fonte: Receita extraída do livro Chef Profissional.
Esta semana comi aqui no hotel uma truta incrível. Foi feita na cozinha quente, espero aprender tal receita. O peixe foi feito com pinhão e cogumelos. Uma delícia!

sábado, 13 de outubro de 2012

Comer Rezar Amar

"Devemos estar sempre preparados para as ondas infinitas de transformação", este é um dos bons pensamentos que tenho adotado. Por isto, não arrependo de nenhuma das escolhas que fiz neste ano sabático, já considero 2012, um ano para parar. Escolher mudar tem um preço alto, pois é como se jogar rumo ao infinito sem saber exatamente o que irá encontrar neste novo caminho.
Em 2011, passei muito tempo ouvindo a trilha sonora do filme Comer Rezar Amar, li muitos autores que estavam a procura de um novo caminho, entre eles o Aprendiz de Cozinheiro. Um jornalista que largou uma carreira de sucesso para aprender a cozinhar na Europa. Um outro jornalista, este italiano, Tirziano Terzane, que foi em busca de adivinhos no oriente e encontrou um novo paradigma. 
As panelas é uma das minhas buscas, mas sei que o meu caminho não termina em 20 poucos dias, no dia 8 de novembro, quando receber o meu toque e ser capacitada para cozinhar. O que vim fazer aqui começou no dia 3 de maio, deste ano, quando andava ainda tristonha pelas ruas de Roma e imaginava o quanto seria bom se lá não estivesse chovendo, ou se não estivesse tão seca por dentro. 
Aqui, em Campos do Jordão, hoje, também está chovendo, como naquele dia, e faz tanto frio quanto lá, num clima bem semelhante, que me faz relembrar tudo que sentia e  aquele vazio parece uma sombra que vive a me rondar. Algumas decepções finalmente acabaram e estou livre e com muito medo de voltar a estaca zero. 
É leitores dias de meditação urgente! A próxima fase desta nova vida é me dedicar ardentemente ao meu mundo espiritual e tentar encontrar meu centro, para ter algum tipo de paz que valha a pena. Quanto ao amor... Ah o amor! Estou esperando por alguém que não seja idealizado, que me deixe feliz e triste ao mesmo tempo, real e inteira. Um ser que não seja um espelho, mas que esteja presente no dia em que eu precisar. 

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Loucuras da feijoada

Tomei banho de feijoada. A missão era retirar os pertences e depois o feijão da báscula. Mas com 1,55 de altura e com pouca força física, foi difícil cumprir a tarefa sem me sujar. Feijão no óculos, na dolman, na calça, no avental e na touca. Eu, literalmente, nadei hoje na cozinha. Melhor foi ter que lavar a báscula. Hoje, contei com a  ajuda da Caroline que é uma super companheira de trabalho. Acaba que ela pega mais pesado que eu, mas não fico para atrás tenho dado conta deste batidão. 
O trabalho intelectual de um jornalista é pesado, porém o de um cozinheiro é braçal e intelectual, duro até acabar o dia. Tenho saudades da redação, mas a alegria de uma cozinha me deixa profundamente feliz. Hoje, estava rindo e me divertindo horrores quando o trabalho estava mais extenuante. Tudo me parece com uma questão de foco. Ainda me pergunto se quero esta vida para sempre. Neste exato momento sei que quero ela por mais um tempo, um tempo não determinado, mas o tempo em que permanecer feliz. 
Quero viajar e aprender a cozinhar em outros lugares. Acho que quero uma vida itinerante, sem um destino certo, sem um lugar em que eu chame de meu. Eu não sei responder, mas estou gostando desta coisa de não ter um vínculo. 
Projetos para sair do país, não faltam e para ficar também. A verdade é que o futuro ainda é bem incerto. 

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Qual é a sua rotina?

Pipipiii...Pipipiii...Pipipiii...  LAVAR AS MÃOS! A parada é obrigatória a cada 30 minutos. As mãos são detalhadamente lavadas, na teoria todos deveriam obedecer o alarme, mas uma meia dúzia ouve o alarme e correm para pia. 2 kg de cebola, dentes e mais dentes de alho sendo descascados, panelas gigantes com suas colheres proporcionais se tornam cenas de comédia na mão de estudantes que parecem personagens de desenho animado. É, sou um deste personagens, com meu 1,55 de altura, sou quase do tamanho das panelas e as vezes preciso até de um banquinho para conseguir misturar os 10 quilos de feijão, que cozinha dentro do panelão. 
Não estou reclamando, porque acho divertido pegar 20 quilos de arroz e refogar dentro de uma bascula. E tentar misturar todo o conteúdo com um colherão, o maior do RAF. O seu Tião é o capitão do Raf. Ele com toda a sua sabedoria, carinho e dedicação é quem nos ensina a ser futuros bons cozinheiros. É por parte de quem? Ah entendi! Frases que fazem do seu Tião, uma figura única e querida por todos. Quem na cozinha não fala: AH entendi! Sim, o jargão esta impregnado na cozinha. Aviso as garotas que leem meu blogger, seu Tião é casado, muito bem casado e feliz. 
Você é de Goiânia? Sou. Significado de mulher bonita, segundo o código secreto criado por mim e pelo seu Tião. E nesta doçura vou aprendendo, cozinhando e ficando mais humilde e responsável. Vou aprendendo a ter paciência, a passar bife na chapa. A ficar suja. Continuo tão desastrada quanto antes. 
Ontem, foi dia de movimento extra no RAF e fiquei na chapa. Sai de lá o puro bife. Dias agitados assim são bons para lembrar o quanto é bom estar vivo. Minha rotina fica entre fazer arroz, picar cebolas e correr. 

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Trabalho: Festa do Sabor


Sempre conto aqui, neste espaço,  que minha paixão é falar sobre cozinha.  Quando estive no Jornal O Popular, tive meus momentos onde pude compartilhar com os leitores um pouco do que sabia sobre o universo gourmet. Agora depois de quase 6 meses e muita ralação perto do fogão e próximo de quem realmente entende de cozinha, ainda gosto daqueles meus escritos e por isto compartilho com vocês leitores.

As panelas do 7° Festival Gastronômico, Esportivo e Cultural de São Simão já começam a ser aquecidas. A equipe composta por cinco cozinheiros partiu ontem para Sul de Goiás, onde vão comandar a cozinha do evento, que começa hoje e se estende até domingo. Além disto, artistas que estão sempre na mídia nacional devem dar um pulo na cidade goiana, mas o grande astro destes quatro dias de programação será mesmo o peixe. Como nas outras edições, os pratos à base de tilápia devem ser as estrelas do festival, afinal, o peixe é uma das grandes riquezas do Rio Paranaíba.
Feliz em retornar pela sétima vez ao festival, a chef Emiliana Azambuja, do Emi Cozinha Emocional, se empolga ao contar que preparou um bufê com 15 variedades de petisco para a abertura do evento. Para a chef, é um desafio gostoso atender ao público de um festival, quando os cozinheiros têm uma maior proximidade com as pessoas, além de poder ensinar alguns truques da cozinha. Quem não gosta de peixe não precisa evitar o festival, porque pratos com outras bases e algumas criações devem aparecer.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

E viva a bipolaridade

Imagine viver num lugar onde todos estão de passagem? É onde estou morando atualmente, um lugar onde as pessoas não estabelecem raízes e nem estão dispostas a criar vínculos. A cozinha é um lugar chato, bacana, entediante, divertido, arrogante, fino. Exatamente isto que você leu, um ambiente cheio de contradições. 
Eu não sei dizer se aqui eu me encontrei, mas é impressionante como os alunos e profissionais mudam de humor rápido. É como se houvesse uma epidemia de bipolaridade dentro da cozinha. Um dia estão muito felizes, no outro de mal humor e no seguinte tristes. Tudo bem que ficar longe da família seja complicado, mas é bom poder aprender. É bom estar ao lado de uma panela. Eu gosto deste universo paralelo que criei para mim, onde cada dia é uma surpresa.
Hoje, estava parada olhando para o Levi e lembrando do meu primeiro dia naquela cozinha. O dia em que  tentava imaginar quem era o Levi, o nosso monitor de legumeria. O Levi continua ali, cortando legumes, ao lado do Raf.  Depois desta primeira fase veio o açougue e foi lá que minhas crises apareceram, mas foi tão bom o período ao lado do Dario, onde ele nos ensinou tanta coisa bacana sobre carnes.
De lá fomos direto para o Garde Manger e não posso deixar de acrescentar que foi um dos melhores períodos na cozinha. Sim, foi lá que aprendi o valor das amizades. A Anna e o Rafael são pessoas que quero levar para o resto da minha vida ao meu lado, como grandes e bons amigos. Espero que eles um dia possam ir em Goiânia, conhecer minha terra e seus sabores. 
A minha maior ansiedade era com a confeitaria e queria muito ter coisas maravilhosas para falar deste período que passei por lá. Estava louca para aprender e não foi bem o que aconteceu por lá. Acho que não soube aproveitar o lugar e as pessoas, sem querer eu me fechei para o aprendizado e acabei trazendo na bagagem uma série de decepções.
Agora que estou no Raf posso dizer com toda certeza que adoro cozinhar. No Raf é onde se tem a maior liberdade dentro da cozinha é o lugar para se criar e cozinhar. As panelas podem até ser maiores que eu, mas estou até me dando bem com elas. O Ronei foi ótimo no Raf à noite e o Elizeu tem me surpreendido. Pois tem se mostrado uma pessoa disposta a nos ensinar.
O medo agora fica por conta da cozinha quente, onde irei passar 12 dias seguidos pela manhã. Como ouvi muitas reclamações e poucos elogios, espero sinceramente ter mais elogios que reclamações para postar. Até porque gosto muito de toda a equipe. E como no garde quero levar a amizade para sempre dos meninos da quente. 

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Melancólica eu?

Os meus posts estão com ares de despedida. Acho que este clima frio tem me deixado melancólica. Como estará o mundo que deixei? Aqui não acompanho mais nenhum tipo de notícia. Pela primeira vez na vida não sei quem são os candidatos a prefeito da minha cidade e não tenho um candidato a vereador para votar. Por hora isto me faz sentir livre.    
Pela primeira vez na vida não tenho medo de andar à noite na rua, de entrar em um banco, de sacar dinheiro sozinha. Não tenho medo de levar um tiro no sinaleiro quando um motoqueiro para ao meu lado. Em Campos do Jordão, quase não vejo motoqueiros e é por esta razão que não tenho medo deles. Aqui o tempo parece passar devagar, porém passou muito rápido. Falta praticamente um mês para terminar e um mês para o meu aniversário. O primeiro que passo longe dos meus pais e o primeiro após aquela super crise dos 30. Será que este ano irei esconder embaixo da cama? Será que vou fugir? 
O fato é que com 30 ou sem os 30, a única coisa que desejo é continuar sendo feliz e livre como sou. Podendo ir e vir quando me der vontade.  

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Maria Rita - Encontros e despedidas

  Esta música  conta um pouco deste sentimento que me entorpece.

Berinjela com sardinha

Aproveitando a onda de receitas de família vou postar a berinjela com sardinha da minha mãe. Tem um sabor incrível, além de ser um prato bem leve.

INGREDIENTES:
800 gramas de berinjela
Molho de Tomate:
2 colheres (sopa ) de azeite
2 dentes de alho amassados
1 cebola pequena picada em brunoise
1 lata de tomate pelado.
2 tomates maduros, sem pele e sem semente, picados em brunoise
2  latas de sardinha
500 gramas de queijo muçarela ralado na parte grossa do ralador

MODO DE PREPARO:

Corte a berinjela ( com casca) longitudinal de cerca de  0,3 cm de espessura. Coloque em um recipiente com água, sal e limão. Deixe descansando, enquanto você prepara o molho.

Molho de tomate:
Aqueça o azeite e doure a cebola. Junte o alho e refogue até ficar levemente dourados. Acrescente o tomate picado e cozinhe em fogo baixo, panela tampada, por cerca de 10 minutos, acrescente a lata de tomate pelado e deixe por mais 5 minutos. Tempere com sal e pimenta do reino à gosto.  Quando desligar o fogo acrescente as sardinhas.

Montagem:
Em um refratário faça uma camada de berinjela, cubra com molho e queijo, outra camada de berinjela, molho e queijo e assim repetitivamente. A ultima camada deverá ser de queijo. Leve ao forno médio ( 180º )  por cerca de 30 hora ou até que o queijo esteja derretido e as berinjelas cozidas.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Galinhada com pequi

A minha comida goiana favorita é a galinhada com pequi. E desta tenho muita história para contar. E é por isto que  escolhi uma receita bem goiana para postar no blogger. Porque sei que deste tempero eu entendo e me garanto, independente do que aprenda aqui. Sabe? Galinhada boa é a da minha vó, da minha tia Geralda e da minha mãe. Comida boa pra mim é a que tem gosto de casa,  um pouquinho do aroma de Goiás e ter aquele gostinho de paixão de mãe. 

Galinhada

TEMPERO DO FRANGO
  • 1kg de frango cortado tipo à passarinho
  • 1/2 xícara de vinho branco seco
  • Pimenta à gosto
  • Alho
  • Sal
DEMAIS INGREDIENTES

  • 1 cebola grande
  • 4 dentes de alho
  • óleo
  • Açafrão da Terra (Cúrcuma)
  • 300 gramas de arroz branco comum
  • 350 gramas de pequi laminado
  • 10 frutos de pequi
Modo de Preparo:

O frango será preparado em um cozimento misto. É preciso primeiro refogar e depois cozer o alimento antes de acrescentar os demais ingredientes.  Quando o frango estiver cozido acrescente o açafrão da terra que deverá incorporar cor e sabor no frango. Depois a cebola e o alho. O pequi laminado deverá ser batido com duas pimentas de bode. O creme você acrescentará no frango e em seguida o arroz e os frutos de pequi. Acrescente sal e água. Deixe cozinhar.