domingo, 30 de setembro de 2012

Outubro

Este é sim o último mês completo que passarei em Campos do Jordão, ao lado das panelas do Grande Hotel.  E foi nesta terra de sonhos, devido a sua beleza singular, que reencontrei várias coisas que haviam se perdido dentro de mim. Foi no mês de outubro do ano passado, na sala da minha terapeuta, que decidi que precisava mudar tudo o que conhecia. Queria um retiro espiritual, onde pudesse ficar em silêncio e assim entender o que tanto procurava.
Não foi fácil fazer 30 anos, quase me escondi debaixo da minha cama, para ver se eu conseguia me congelar nos 29.  Encontrei nas panelas, primeiro no cheesecakes e depois nos brigadeiros, a minha grande terapia. Horas e horas enrolando brigadeiro parecia mais agradável que às minhas 5 horas no jornal. Eu sempre amei ser jornalista, mas naquele momento até o jornalismo me parecia assim meio sem graça.
Eu estava em depressão, porque minha cama era o melhor lugar do planeta e a dor só passou depois do tratamento médico para a enxaqueca. Não queria sair, não queria ver pessoas e nem viver. Eu tinha 30 anos e o mundo parecia o contrário de tudo que havia imaginado. Estive acostumada a fazer planos e fazer com que eles se cumprissem. Podia parecer que tinha o melhor emprego do mundo, os melhores amigos e a melhor família.  Porém, eu não tinha a melhor Ana Carolina do mundo.
Estou agora cozinheira. Não sei bem o que isto significa, porque ainda continuo aqui escrevendo e desejando um pouco desta ânsia de ser jornalista.
Não é fácil estar cozinheiro, mas é bom estar neste mundo que ganhei por me permitir entrar dentro de uma cozinha. Pessoas, histórias, queimaduras, cortes, dramas, roncos, inquietação e uma série de sentimentos que pulsam perto das panelas.
Quando faltam 15 minutos para abrir um buffet o sangue das pessoas fervem no calor de uma cozinha e não custa nada para o chefe brigar, panelas caírem no chão e você pegar com as mãos uma panela quente. Foi nesta hora que percebi que estava curada do meu excesso de sensibilidade e de todo aquele drama que me levou para a psicanalista. Não precisava ter raiva, angustia e nem nada parecido, porque ficou chato, monótono e etc é só ir embora. Nada de esconder embaixo da cama e ficar reclamando.
Falta um mês para esta aventura que me permiti viver terminar. Isto significa que a vida de adulta vai voltar a bater na minha porta. Contas, contas e contas para pagar voltam a ser de total responsabilidade minha.
E o que  farei com tudo que aprendi aqui ? Eu ainda não tenho a resposta. A única coisa que sei é que quando chegar em Goiânia, em novembro, não saberei mais o que fazer. Porque o normal era que quando fosse 17 horas, eu estivesse no jornal, porém isto não existe mais.


sexta-feira, 28 de setembro de 2012

RAF

Estou no RAF, hummm! Estou apaixonada pela cozinha. Quando tinha 20 anos disse, em um outro blog que  tive, quando ainda era estudante de jornalismo, que precisava sempre estar apaixonada para poder viver. Apaixonada pelo meu trabalho e local onde estivesse. Nesta época o jornalismo era apenas um amante ardiloso pelo o qual eu me encantava. Depois de 10 anos, posso dizer que chorei muito por causa deste meu amante, mas fui extremamente feliz com ele. 
Vamos esquecer o jornalismo e falar desta minha nova paixão, que espero que se transforme em um amor bem duradouro. Quem sabe eu não una os dois amantes? Trabalhar com crítica na área gastronômica seria uma boa forma de manter juntos os dois amores.

No Raf é possível trabalhar diretamente com o que as pessoas imaginam de uma cozinha. Arroz, feijão, carne, massa e outras tantas coisas que são feitas no restaurante e na casa de cada um que vai até o RAF. No primeiro dia retemperei uma costela e fiz um caldo verde. Queria muito fazer caldo de feijão, porém, não tinha sobrado feijão suficiente do almoço. O movimento do restaurante é intenso, cerca de 300 pessoas almoçam diariamente no local. E tanto movimento deveria criar nas pessoas uma responsabilidade na cozinha. O chef do Raf, Tião, é uma destas pessoas que sabe exatamente o que significa uma boa comida e um bom atendimento. Ele é a paixão de todos os funcionários do Grande Hotel, ainda pretendo contar para vocês a história deste grande cozinheiro. 

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Destino: RAF

Hoje começa oficialmente o último módulo da turma D-12 de Capacitação para Cozinheiro. Vou começar à noite no RAF, Restaurante de Alunos e Funcionários, e minha fiel companheira Caroline, continua sendo minha dupla e amiga. Paulinha e Eduardo, uma boa notícia para vocês: Acredito que vou aprender a fazer aquela massa que vocês adoraram, guardem o segredo. Amanhã contou como foi a experiência.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

As aulas continuam

Ragu, porpeta, polenta, massa fresca, dois molhos brancos, pão ciabata, focaccia, fundos de carne e frango,  purê de batata, caldo verde e costela de porco com molho agridoce de mostarda. Sim, nós tivemos aula de cozinha quente e com várias receitas italianas o que considero divino. Eu tenho uma paixão louca pela Itália e seus sabores, em especial pelas massas que são magnificas. 
Voltando para Campos do Jordão, em especial para as aulas do Breno, posso dizer que aprendi a fazer um bom ragu e uma boa massa fresca. Quando meu pai ler isto dará saltos de alegria. Já previ o primeiro prato que terei que fazer: Lasanha com massa feita em casa. Prestem bem atenção. Uma escola de cozinha pode ser muito útil para você agradar a família. Meus futuros sobrinhos serão muito mais felizes, rs. Até porque eles não pegaram a época magnifica em que as minhas avos cozinhavam todo final de semana. Hoje, a mãe do meu pai, prefere muito mais sair para um bom restaurante do que ter que cozinhar. Acho que posso ter problemas sérios com os domingos familiares. 
Voltando de novo para Campos do Jordão as coisas aqui estão diferentes do normal. Conheci uns alunos do curso de graduação de gastronomia, amigos de um dos cozinheiros do Hotel. O legal de ter saído com eles foi sentir a energia que existia dentro de mim, quando ainda era universitária.  

domingo, 23 de setembro de 2012

Macarrão o carbonara

Eu prometi que a minha próxima postagem seria a dica de alguma receita. Sendo assim passei o dia fazendo pesquisas sobre alguns pratos que gostaria de preparar e os pedidos dos amigos. Estou passando para o módulo do Raf e da Cozinha Quente, locais onde estão a alma da cozinha. Meu sonho é sair daqui cozinheira, ou ao menos uma boa auxiliar de cozinha. 
Entre as receitas que pesquisei vou postar as mais simples. Aquelas que o resultado final sempre será um sucesso. Alguns me pediram a receita de um macarrão. Pesquisei algumas e decidi postar a receita do Carbonara, esta receita é para 4 pessoas. 

Ingredientes:

300 gramas de uma boa massa de espaguete, eu gosto das italianas.
200 gramas de bacon, corte em cubos
2 colheres (sopa) de azeite
2 dentes de alho
1/4 de xícara (chá)  de vinho branco
4 ovos
1/2 xícara (chá) de parmesão ralado na hora pimenta-do-reino moída na hora

Modo de preparo:

Numa panela alta, cheia de água, coloque uma colher (sopa) de sal. Leve ao fogo alto. Numa frigideira grande, coloque o azeite. Quando estiver quente, junte os dentes de alho descascados. ( O alho só irá perfumar o azeite)
Com cuidado, coloque o bacon, na frigideira. Vá mexendo com uma colher e, quando as pontinhas do bacon começarem a dourar; regue com o vinho e deixe borbulhar por 2 minutos e desligue. 
Quando a água para cozinhar o macarrão começar a ferver, verifique o tempo de cozimento na embalagem e coloque o espaguete na panela.
Enquanto isso, numa tigela grande, onde a massa vai ser servida, quebre os ovos e misture com um garfo. Junte o queijo ralado e misture bem. Tempere com pimenta do reino. 
Verifique a massa e, assim que estiver pronta, escorra a água. Transfira para a tigela com os ovos. Misture bem. 
Quando todos os fios do espaguete estiverem cobertos com a mistura de ovos e parmesão, escorra para a tigela o conteúdo da frigideira com o bacon. 
Receita do livro Panelinha

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Doente do coração

Minhas amigas de Campos do Jordão disseram que estou doente do coração. Hoje acordei com muita saudade, mas não acredito que seja uma doença só um pouco de melancolia, um pouco boba. Estou amando a cozinha e seu ritmo, seu tempero e principalmente seus colaboradores. Gente que lida com panela é apaixonado por comida, ingredientes e panela. São pessoas que possuem vários pontos em comum comigo, mas do que isto só mesmo a Morena, nova integrante do meu quarto, entrou esta semana e assim como eu é jornalista. 
Não vou falar muito dela, mas para os amigos de plantão posso dizer que encontrei uma nova Lisbeth, professora de Jornalismo Ambiental, no meu caminho. Sim, estou com saudades da minha orientadora da faculdade e posso dizer que daquela Ana que a professora e amiga conheceu sobrou muito pouco. Não sou mais tão apaixonada pelo André Trigueiro, nem quero ser uma repórter especialista em meio ambiente. 
Porém, ainda adoro cozinhar. Meu macarrão aos quatro queijos continua existindo e tenho um repertório bem maior de pratos, que aquela garota de 22 anos. É já se passaram quase 10 anos que conheci os meus amigos facombianos que mudaram minha vida para sempre. 

Amigos quero começar a postar mais receitas aqui. Alguém está interessado em algum prato específico? O repertório é grande de coisas que podem ser ensinadas. Então, deixem suas sugestões. 

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

TCC e saudade

Hoje a turma C-12 apresentou os TCCs, última atividade deles aqui no Campus . Foi uma surpresa boa ver o desempenho dos meus colegas de curso que formam um mês antes de nós. Vou sentir muitas saudades dos garotos que estão indo embora.  Entre as apresentações teve projetos de um restaurante Mineiro, de um especializado em Pimentas, outro de comida baiana, um café e um senhor sem noção que deixou que terceiros fizessem o trabalho e não conseguiu apresentar nem mesmo o cardápio que iria servir. 

Foi legal ver o trabalho dos outros e saber o que vem pela frente. Amanhã é dia da formatura e da despedida da turma. Será dia de choradeira e de muitas saudades. É a segunda vez que me despeço de uma turma aqui, nós seremos os próximos a ir embora. Já estou sentindo saudade deste lugar mágico, onde tenho aprendido muita coisa e vivido uma enxurrada de emoções.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

TCC de hoje e o TCC de ontem

Estou aqui lutando com o meu TCC que hoje tem um assunto bem ameno e gostoso. Vou montar o projeto de uma cafeteria. Hoje também encontrei o meu TCC de 2009, quando escrevia sobre assuntos fortes, pulsantes e da minha paixão que era estar dentro do jornalismo diário. Na época, um acidente de avião. Kleber havia sequestrado um avião, em Luziânia, e o tacado sobre o Shopping Flamboyant. Cometeu suicídio e infelizmente levou junto com ele a filha. 
Na época do acidente acompanhava o trabalho da Delegacia de Proteção à Criança e o Adolescente de Aparecida de Goiânia. Kleber estava sendo investigado por uma equipe da delegacia. Ele era acusado de ter estuprado uma garotinha. Nunca saberei se a "Maria" foi a única criança que ele estuprou, mas foi uma das histórias que mais mexeu comigo enquanto fui repórter de polícia.
Durante o período que acompanhei a história, não usei nenhum material capturado durante minhas entrevistas para o TCC.  Para a minha narrativa, tinha mais informações do que qualquer colega da imprensa, mas não podia usar tal conteúdo para o jornal diário porque prometi a vítima e a delegada que tudo seria confidencial. Lendo a minha narrativa final, não sei se fui fraca pôr não construir um texto bacana para o Popular sobre o perfil desta vítima ou sobre os bastidores do trabalho da polícia neste caso.
 Sabia cada passo da investigação, como sabia que eles estavam quase prendendo Kleber antes da tragédia. Porém, olhando para a repórter que fui e sou, jamais escreveria para machucar qualquer ser humano que tenha passado por minha vida. 

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A cozinha e sua magia

A cozinha é um lugar mágico. Depois que entrei dentro de uma cozinha profissional descobri que paixão é fundamental para que as coisas fiquem boas. Tem dia que a comida fica mais salgada, em outro sem sal, mas quando o cozinheiro esta entregue de verdade a comida fica plena, serena e no ponto certo. 
Estou falando isto porque mesmo num hotel cinco estrelas, a equipe da cozinha tem suas fases e vai ter dia que a comida não estará boa. Ontem, dia de empratados o povo estava inspirado. Provei muita coisa deliciosa feita pelos cozinheiros e alunos do curso de capacitação. São momentos como os de ontem que faz valer todo o sacrifício que tenho feito. 
Estou louca para cozinhar para os amigos e mostrar as técnicas que aprendi. Acredito que para os amigos de sempre será mais fácil cozinhar do que para os amigos cozinheiros. Perto de quem sabe todos os métodos fico tímida, com medo de errar e acabo sendo muito desastrada. Colheres caem no chão, entorno o caldo no fogão e erro o preparo de uma simples gelatina. 

domingo, 16 de setembro de 2012

Crueldade

Estar longe de casa é por muitas vezes cruel.  Enquanto estou aqui muita coisa tem acontecido com os amigos e família. Um tio morreu nesta madrugada, poucos dias atrás tinha sido uma prima que nem cheguei a conhecer. Foi complicado estar longe  da Mariani, uma amiga que enfrentou um câncer, sei que tem muitos amigos por perto, mas queria muito ter abraçado e dizer que tudo ficaria bem, como esta ficando. 
Aniversário da Laisa, na foto com o pai, que partiu esta madrugada
As preocupações aqui são outras e me sinto fora da vida de pessoas que tanto amo. É tão bom ver o Renato casado e feliz, só que é tão doloroso não estar por perto. As escolhas que fazemos na vida tem muitos pesos. 
Quando decidi recomeçar minha vida de um novo ponto esqueci de muitos lados. Muitas vezes quando queremos muito um sonho, esquecemos de olhar para o caminho. Aqui o mundo é doce, estou morando em um lugar deslumbrante, onde parece ser feito de sonhos. Porém, o sofrimento é mascarado por um pôr do sol bonito, uma trilha sonora nova e um punhado de lindas manhãs. No meu caso o sofrimento é mascarado por algumas boas receitas e por panelas quentes. 
Carregar caixas, lavar o chão de uma cozinha, organizar armários pode até ser entediante, mas não dói. Aprendi a alimentar minha alma com bons sentimentos e por isto nos momentos de perda é difícil não poder estar por perto. 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Muitas panelas

Quando parei e olhei para a confeitaria hoje percebi que o bom mesmo de uma cozinha é quando tudo se transforma em zona. Aquele tanto de panela na pia, assim como as bancadas sujas e muitos ingredientes abertos mostram que naquele lugar houve muita produção. Sobremesas, docinhos, bolos, bolos, bolos e mais bolos, além de pães e pão de queijo. 
O Hotel está recebendo um evento da flashman e para isto a confeitaria precisou ceder espaço para os técnicos da empresa poderem produzir suas maravilhas. Muito bacana ficar perto de profissionais com anos de mercado de gastronomia, melhor do que isto foi poder ajudar, nem que fosse só cortando bolo. É tanto produto bacana que conheci e que futuramente poderei utilizar. 
Ontem, foi dia de fazer pequi. Sim, finalmente, consegui fazer a minha galinhada com pequi para os amigos de Campos do Jordão. E acreditem: O povo gostou!

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A cozinha e seu caos criativo

Quando imaginamos a cozinha de um hotel escola, quase sempre pensamos num ambiente harmônico e perfeito. Porém, na pressa, na falta de insumos e de alguns profissionais o lugar vira um caos criativo ou desarmônico. No local onde você deveria estar para aprender sob algum tipo de orientação acaba se tornando uma experiência nova e muitas vezes surpreendente. 
- Preciso de dois mimos para os hospedes, em 5 minutos. Foi a única frase que ouvi, antes de decidir mandar os brigadeiros de teste que estávamos  fazendo. Pimenta, gergelim e limão siciliano. Foram os três sabores do teste que virou mimo para o cliente. Quando falamos de brigadeiro, a tal criatividade é o que me move. Adoro misturar, criar e trabalhar com a massa de chocolate.  Foram 10 mimos entregue para os hóspedes, sendo um total de 30 brigadeiros.
 Além do brigadeiro, outra coisa que me deixa feliz é fazer empadas e aprender coisas novas. Aqui tenho aprendido muita coisa e tenho certeza que quando voltar para casa serei uma cozinheira melhor. 

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Respeito

Viver em comunidade é complicado e todos devem saber disto. Dividir um espaço por mais de 4 meses, com pessoas extremamente diferentes, é ultra complicado, principalmente, quando não se existe compreensão e nem tolerância. Todos sabem que sou bem difícil, por ser cheia de regras e querer que as coisas ocorram conforme o meu desejo, porém sou adulta o suficiente para saber que elas não ocorrerão. 
Quando estou triste quero que as pessoas respeitem o meu momento de ficar calada, o meu direito de ir e vir sozinha. Quero que o outro depois de me magoar respeite o meu direito de não querer falar mais com ele. Acho que a vida é suficientemente complicada para nos estressarmos por pouco e o silêncio pode muitas vezes ser o melhor remédio para algumas dores. Respeitar o direito sagrado do outro ficar calado é fundamental. Hoje, entendo, profundamente, minha amiga Yeda Mariana e seu jeito de resolver os problemas se calando. 
A única coisa que quero, neste momento do curso, é ter o direito de não falar. Quero que isto seja respeitado, não me importo de dividir o espaço com terceiros, mas  não quero dividir a minha vida com outras pessoas, depois que o laço da confiança foi abalado. Não estou confundindo de jeito nenhum as regras de boa convivência. Agora, se a direção do curso achar que este tipo de comportamento é inoportuno e quererem me obrigar a falar com quem não gosto prefiro ir embora. 

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Reflexões e empadas

O fim de semana foi maravilhoso ao lado da Paula Lunna e do Eduardo Sartorato porque precisava do olhar, do abraço e da voz destas pessoas que tanto amo. Em encontros assim é bom perceber que existem amigos que te amam, independente da distância. 
Ontem, não fui na confeitaria, fiquei com uma dor na consciência, porque os dias em cada setor são bem poucos e cada dia de aprendizado é precioso, mas por outro lado precisava preencher minha alma de razões e objetivos. Os meus amigos sabem o porquê de estar aqui e me ajudaram a recordar o motivo do meu esforço. Foi muito bom ouvir deles que estou fazendo a coisa certa e que tenho muito talento para a cozinha. Foi bom me lembrar que adoro estar perto de um fogão independente de tudo, mesmo que seja doloroso estar longe de casa e permanecer longe por mais algum tempo. 
Aqui tive uma visão que o caminho não será fácil, mas também não é impossível quando se tem disposição e  sonhos para realizar. E isto tenho de sobra.


Então, eu vim aqui para cozinhar e vocês leitores devem estar loucos por uma nova receita. Como estou muito feliz, vou passar para vocês a receita da minha empada de carne seca. Entenderam? Não é qualquer empada é aquela de carne seca que um monte de gente adorava. Gente como Rosana Melo, Carla Borges, Erika Lettry, Kríscia Fernandes, Pablo,  Helder Barbosa, Marla Rodrigues, Rodrigo Alves, meus clientes e incentivadores de um sonho. 

As empadas da Ana. Atenção esta não é a receita da massa que costumo usar, como estou sem meu livro de receitas, peguei uma conheço e sei que dá muito certo que é da chef Emiliana Azambuja. Receita esta que a chef passou durante o festival gastronômico de São Simão.

Ingredientes:

Massa da empada:
500 gramas de farinha de trigo
4 colheres de sopa de amido de milho
2 ovos
200 gramas de manteiga
Meia xícara de creme de leite.

Recheio:
1 kg de carne de sol
500 g de tomate
1 cebola
Manteiga
Requeijão cremoso
Salsa
Cebolinha
Banana da terra

Modo de preparo: 

Para a massa - Coloque a farinha e o amido de milho em uma bacia fure um buraco no meio das farinhas. Em seguida acrescente todos os  ingredientes líquidos. Sove a massa até ela ficar lisa. 

Recheio  - Retire todo o sal da carne de sol. Depois refogue a carne até ela ficar dourada. Após este processo bata a carne no liquidificador e reserve. Em uma panela faça um molho com os tomates e a cebola.    Nele acrescente a carne desfiada e o requeijão cremoso até a massa adquirir uma consistência pastosa. Para finalizar jogue cebolinha e salsa sobre o molho. 

Frite as bananas em rodelas e reserve duas para cada empada média. 


Montagem: Espalhe a massa na forma de empada, depois acrescente uma banana, o recheio por cima e a segunda rodela de banana para finalizar. Feche as empadas e pincele uma gema de ovo sobre cada empadinha, antes de leva-la ao forno. 

Tem alguém com vontade de comer empadas?

sábado, 8 de setembro de 2012

Choque de realidades

Quando me propus escrever o blogger a ideia principal era que escreveria tudo que acontecesse ao meu redor, não importava o quanto fosse difícil. Descobri com os dias que não poderia expor as pessoas e muito menos suas vidas. O que me traz aqui hoje foi o reencontro com os meus amigos e consequentemente com a minha vida de sempre, aquela que larguei quando toda cheia de coragem pedi demissão e embarquei rumo a um mundo desconhecido que me parece, agora, mas provável que o passado. 
Não dá para viver de passado, porém não dá para estar só no presente. Quando nos arriscamos por uma vida nova só temos a escolha de esquecer. Por hora descubro que é preciso analisar o quanto você consegue suportar  a tal realidade nova e se quer realmente esquecer. 
Neste reencontro sobraram críticas, boas críticas sobre algumas escolhas que fiz neste meses, algumas delas que ultrapassam a vida profissional. Pior é que meus amigos me conhecem tão bem que devo concordar com eles que a minha vida profissional é prioridade agora e só isto realmente interessa. Estou também chocada com o quanto mudei, parece que um pouco daquela jornalista está ficando longe, por mais que me doa é preciso deixar partir os amores como foi minha antiga e ainda profissão.  

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Brigadeiros e uma dose de saudade


Hoje passei a manhã inteira fazendo brigadeiros. Isto sim é uma das coisas que mais gosto de fazer nesta vida. É até perigoso porque se deixarem fico dentro da confeitaria apenas inventando sabores novos de brigadeiro. Fiz aquele tradicional de chocolate meio amargo. Tenho que me concentrar e aprender coisas novas como confeitar uma torta e outros tantos doces que saem da confeitaria. 
A ansiedade para fazer o brigadeiro foi tanta que a segunda massa eu consegui deixar queimar... Aff!!! preciso controlar meus impulsos para evitar erros assim. Estou muito chateada de ter mandado para as crianças brigadeiro com gosto de queimado. Tá não ficou completamente ruim, mas o suficiente para não ser o meu brigadeiro. 
Estou tão feliz dentro da cozinha que não consigo imaginar como será na hora que eu tiver que ir embora. Apesar da louca saudade  que sinto de casa e de amar horrores Goiânia, estou sem vontade de retornar este ano para a minha cidade.  

Mudando de assunto, Eduardo Sartorato e Paula Lunna chegam hoje a Campos do Jordão, falei com eles agora e já estão à caminho, daqui umas 3 horas devo estar abraçando os dois. Não vejo a hora de rever meus amigos tão queridos.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Meus amigos do Garde

Aqui é um lugar de encontros e despedidas. As pessoas vão embora e quando você começa a gostar de um lugar logo precisa ir para outro. Amanhã começo na confeitaria, mas vou sentir muita falta do Garde Manger. Guilherme Pazzianotto, espero que o senhor esteja lendo isto, porque prometi que iria falar de você e promessa para mim é divida.  Só que não vou falar só do Gui, vou falar do Rafael e da Anna Carolina, três profissionais maravilhosos que fizeram diferença na minha vida aqui em Campos do Jordão. O Gui, além de ser um ótimo profissional, tem um coração gigantesco e é incrivelmente doce.
O Guilherme tirou toda a impressão que tinha de que cozinheiros são pessoas grossas e rudes. Outra pessoa sensacional é o Rafael, por ter toda a paciência do mundo e querer bem a quem esta ao lado dele. Tenho certeza que os dois serão destes cozinheiros tops, porque dedicação e empenho não falta a eles. 
Agora a Anna é uma destas mulheres que tem paixão pela cozinha. Ela sabe colocar em cada receita um pouco daquele amor que transborda no olhar dela. É uma forma que encontrou de envolver as pessoas com o seu carinho e atenção. Uma forma que pode trazer para suas mãos a herança de vó e de mãe com um sorriso angelical a cada novo prato. 
Na cozinha tem muito amor e estes meninos do garde me ensinaram que é possível colocar esta paixão em cada novo prato e a cada novo encontro. 
Adoro vocês. 
E claro não vou esquecer da Maysa, a monitora e coordenadora desta equipe, que ao contrário do que todos dizem sabe sim ser doce, apesar de ser muito durona com suas responsabilidade. Com ela aprendi muito e o mais importante foi que determinação é tudo nesta vida. 

domingo, 2 de setembro de 2012

A BRUXA

O sol pode até  brilhar lá fora, mas se a energia não flui a contento o universo parece conspirar contra a ordem natural. Estou falando daquele dia em que a Bruxa decide sair de casa e atacar seus "inimigos". A cozinha pode ser um bom ambiente para as boas bruxas e para as más. Quando entro na cozinha percebo que estou em um grande campo de batalha. No meu atual local de trabalho tem: Panelas gigantes, facas afiadas, cortadores, raladores, máquina de moer carne, óleo quente, panelas quentes, assadeiras quentes, chão escorregadio. Parece mesmo um local cheio de armadilhas e pode ser mesmo.
Ontem, foi dia em que tudo ocorre dentro da cozinha. Era pouco mais de 10 horas, quando a Karen, que é extra no Garde Manger, cortou o lábio com uma faca. Neste momento percebi o quanto estou despreparada para situações de pânico.  Fiquei paralisada, mas não tinha nada que pudesse fazer. 
Depois do incidente foi uma correria para conseguirmos entregar o buffet no tempo correto. Conseguimos!
A tarde, depois do almoço, a bruxa continuou... Por volta das 14h30, a Neila, aluna do curso de Capacitação desmaiou no meio do Garde Manger e foi uma verdadeira comoção na cozinha. Ela teve uma queda de pressão e foi levada para o pronto - socorro, meia hora depois a Majo foi atingida por várias panelas na copa. Elas caíram na cabeça dela. O ferimento foi sério e ela precisou ser internada.
Depois disto tudo comecei a picar o tomate em câmera lenta. Tinha medo de pisar na cozinha, afinal, melhor não brincar com bruxa quando ela resolve agir.