quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Uma Expedição de Saberes

Foto: Alexandre Badim

Cada cidade tem seu próprio modo de se apresentar, de se fazer ver no seu melhor ângulo. Cidade de Goiás, Pirenópolis e Goiânia tem em suas cozinhas uma verdadeira expressão de alma. Durante a Expedição Pitadas percebi que a cozinha de Goiânia é a vitrine do jeito de ser de um povo, que sabe receber como poucos. “Quem vem à Goiânia dificilmente se cansa dos sabores daqui”, concluía Andrezza, durante uma conversa, no final da expedição, sobre tudo que comeu durante seis dias. “Geralmente eu fico louca para comer a comida da minha casa e aqui eu não tive essa vontade, concluiu”.  Porque a cozinha goiana é um concentrado de tudo aquilo que existe de bom nas panelas de muitos brasileiros: a pamonha, carne de lata, a galinhada, a paçoca, a carne de sol, o bacalhau, as empadas, o bolo de arroz, os doces de frutas e temos comida contemporânea de boa qualidade feita por chefs que começam a aprender o caminho dos sabores do Cerrado.

Foto: Alexandre Badim 
Eu, dada a minha condição de jornalista e cozinheira, aprendi muito durante esta andança. Aprendi com senhoras, que como minhas avós, tem orgulho de suas caçarolas e de seu talento com as panelas. Vi mulheres que fabricam verônicas, no auge de seus 70 e alguns, com uma rapidez e destreza difícil de ser encontrados por ai. Ouvi mulheres que disputam o título do melhor empadão do Estado, dizer que a diferença de sabor esta no amor. Será que ela usa Sazon? Fica a dúvida. Observei junto com turma do Pitadas dona Augusta ensinar sua técnica de fazer flores de coco. Uma maravilha, como diria Ana Soares, ao observar a habilidade daquela senhora.

Fiquei emocionada com as famílias do projeto Promessa de Futuro que desenvolve um modelo de agricultura sustentável destes que só tinha visto nos livros de faculdade. Encontrei com gente que não seguiu com os estudos formais, porém possuem mais conteúdo que muito doutor de instituição pública.
Partindo para Goiás visitamos alguns assentados. Nele fomos na propriedade de duas famílias. Em uma delas, para nossa surpresa, encontramos uma mulher, morena, baixa, usando boné e botina. Aquela mulher com força de peão de fazenda era a chefe da roça e nos entusiasmou com uma frase que sintetizou tudo que vimos ali: “Antes eu vivia calada e trancada dentro de casa, depois que aquele traste se foi eu virei papagaio”, Maria das Graças virou papagaio e uma espécie de líder do Arraial do Ferreiro. Ela que cuida da igreja de São João Batista e é quem recebe os turistas. Seu sonho é montar um restaurante, na garagem de sua casa, onde possa receber visitantes e poder mostrar seu tempero para o mundo.


Foto Alexandre Badim

Durante a Expedição pisei em muitos solos, vi muitos olhares e senti emoções de descobertas a cada porta que atravessava.  Posso narrar uma centena de histórias como a da Maria da Graça, mas para o próximo post vou falar do tanto e o que comemos nesta Expedição que buscava as pérolas da cozinha goiana.


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