Ana Carolina Guimarães
Para entender a alma de um
cozinheiro primeiro você precisa descobrir o quanto é mágico cozinhar e deve
antes de tudo arriscar e embarcar nas experimentações destes magos das panelas.
Uma mistura inusitada de filé mignon com calda de chocolate, isto foi uma das
realizações criativas do chef Milton da Silva Alfredo, de 40 anos, pai de uma
menina de 9 meses, que é sua maior paixão na vida. Além disto, é também pai de
coração de outros três garotos, filhos de sua atual companheira, com quem
escolheu formar uma família. Um homem que foi por muito tempo sozinho e que
encontrou nas panelas uma forma de transformar a vida em uma mistura de
sabores, onde cada gesto o levou para um encontro definitivo com a cozinha.
Chef Milton da Silva Alfredo, no Senac, Campos do Jordão |
O chef Milton embarcou rumo a São
Paulo quando tinha apenas 14 anos, época que teve coragem o suficiente para
passar quinze dias dormindo na rodoviária da cidade. Coragem e determinação é
possível ainda ver em seus olhos, que brilham ao relembrar do prato de comida
que foi oferecido por seu primeiro patrão, o dono da lanchonete Flash Lanches,
que ficava na Avenida 7 de Abril, em São Paulo. “Cheguei na lanchonete e o
patrão perguntou: - Tá com fome. Era lógico que estava”, explica Milton ao
contar de suas primeiras horas, na maior metrópole brasileira.
Ser cozinheiro nos 80, não era
nada glamouroso, e por isto mesmo descobrir que a cozinha era um dom natural
demorou um pouco para Milton. Como ele mesmo explicou era difícil dizer para as
pessoas sobre o seu trabalho. “Se alguém descobrisse que você trabalhasse na
área de alimentação você era um zero a esquerda”, exemplifica o preconceito
social da carreira. A situação não era como hoje em que as universidades de
gastronomia aumentam e o cozinheiro ganhou status de celebridade, como no caso
do aclamado chef Alex Atala.
Nos anos 80 era mais fácil negar o talento e
fugir para profissões mais convencionais.
“Eu comecei a fazer cursos. Fiz cursos de informática, trabalhei com
telemarketing, com vendas em feiras e trabalhei com busca e apreensão de
veículos. Era tudo ilusão, eu via aquele pessoal que se vestia bem e tudo, mas
coitados eles não tinham nem o que comer. E gastava uma sola de sapato danada”,
brinca Milton sobre sua carreira. O dom para a cozinha continuava e a oferta de
empregos na área estava por toda a cidade e, por isto foi fácil retornar para a
carreira.
Foi uma de suas patroas que o incentivou a
fazer cursos de aperfeiçoamento profissional na área de gastronomia. Algo que
poderia agregar valor para um jovem cozinheiro criativo que se mostrava para
aquela senhora como um talento promissor.
Não foi só aquela senhora que viu
tanto talento, depois de uma aula do Milton, para os hóspedes do hotel, é
possível ver a alegria dos alunos em aprender a cozinhar com um cozinheiro do
potencial do chef. São perguntas atrás de perguntas e muitos querendo suas
receitas.
Continua amanhã ...
E a repórter Ana Carolina Guimarães entrou em ação! Adoro seus textos! Bela história a do Milton. Beijo e saudade!
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